Setor fechado, construção vira alvo de inovação de startups

Setor considerado pouco aberto a novas tecnologias, a construção virou alvo de uma série de startups que veem em suas ineficiências grandes oportunidades para seus empreendimentos.

Essas empresas querem levar produtividade ao segmento com ideias como aplicativos para organizar o canteiro de obra, novas técnicas de construção, novos materiais e até o uso de drones.

“É um setor expressivo em termos econômicos e um dos piores em adoção de tecnologia, o que significa que há um espaço enorme para crescer”, diz Bruno Loreto, que criou há dois anos o fundo Construtech Ventures, que investe em empresas iniciantes do setor.

Folha

O fundo já apostou em oito startups. Sua meta é chegar a 20 em dois anos, injetando entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões por companhia.

Uma das empresas que buscam fazer isso é a Construct App, que tem aplicativo que reúne informações sobre tarefas em desenvolvimento e problemas a serem resolvidos em uma obra.

Com isso, substitui o uso do papel e do WhatsApp na troca de informações, explica Drew Deaulline, sócio da companhia mineira.

A ideia é que engenheiros parem de gastar tempo perguntando como está cada coisa, diminuindo a necessidade de reuniões e retrabalhos.

O app foi usado em cerca de 600 obras de 50 empresas.

“A demora para que a informação chegue a pessoa certa leva a erros, coisas que terão de ser quebradas para serem corrigidas”, diz Deaulline.

Há outras companhias dedicadas a criar novos modelos de negócios para tornar as obras mais acessíveis.

No grupo encontra-se a paulistana Vivenda, que faz reformas em casas populares vulneráveis, especialmente por causa de problemas hidráulicos, elétricos e excesso de umidade.

Para isso, a empresa monta lojas em regiões periféricas para estar perto dos potenciais clientes (são duas até agora).

Suas inovações vão desde a área financeira (a startup lançou debentures, títulos de dívida, para captar dinheiro no mercado e poder parcelar as reformas das casas) até logísticas e de materiais, explica o sócio da companhia Fernando Assad.

Cada cômodo reformado custa, em média, R$ 6,8 mil. Para reduzir o preço das reformas, a empresa passou a comprar lotes de material de construção maiores do que fazem as lojas de bairro e fechou parcerias com elas para armazená-lo, em troca de comissão pela venda. Com isso, consegue desconto dos fornecedores.

O próximo passo é desenvolver com grandes companhias do setor da construção, como Vedacit e InterCement, materiais que são planejados para seu público.

Há um ano, a Vivenda passou a trabalhar com impermeabilizante a base de cimento que não precisa de acabamento, criado a partir de sugestões da própria startup, por exemplo.

“No dia a dia, entregamos reformas. Mas, do ponto de vista estratégico, queremos desenvolver o mercado de reformas para a baixa renda”, diz Assad, que foi vencedor do prêmio Empreendedor Social de Futuro da Folha em 2015. (Folha de São Paulo)