Não é só asfalto: saiba quais elementos devem ser considerados ao projetar ruas
Desde o surgimento e a popularização dos veículos automotores, as ruas passaram a ser planejadas para os carros e não para os pedestres. Diante dos problemas de conciliação dos diversos usos das ruas, a Associação de Pesquisa Urbana e Planejamento de São Francisco, nos Estados Unidos, reuniu alguns itens que podem contribuir para a melhor qualidade de vida urbana, locomoção e que beneficiam os pedestres. Eles servem para aplicação em vias não só por lá, mas em vários países.
SÃO ELES:
Criar um ambiente agradável para a circulação de pedestres: consiste em tornar a caminhada mais agradável para o pedestre, por exemplo, evitando quarteirões fechados, inserindo lojas, áreas de lazer e locais de alimentação.
Orientar os edifícios para a rua: localizar a entrada principal na calçada, ao invés do estacionamento, também criando um ambiente mais agradável, não muito fechado, e convidado o pedestre a entrar no local.
Organizar os usos para promover atividades de lazer: inserir locais nos quais as pessoas gostem de passar o tempo, em equilíbrio com os comércios.
Construir estacionamentos que não fiquem à vista: os estacionamentos que ficam em frente aos edifícios acabam intimidando os pedestres, então o ideal é colocá-los a parte de trás ou no subsolo.
Adotar a “escala humana”: por maiores que sejam os edifícios, é necessário adotar boa sinalização e construir bem as entradas, podendo inserir árvores para ofertar o contato com a paisagem.
Fornecer bom acesso ao pedestre: os pedestres precisam conseguir se deslocar com facilidade, sendo necessário ter caminhos bem definidos e bem sinalizados.
Construir ruas completas: é preciso equilibrar todos os elementos que fazem parte da rua, como pedestres, ônibus, automóveis pessoais, bicicletas, motos, comércios, residências e outros.
OUTROS FATORES
Há muito mais nas ruas, além de pedestres, veículos e comércios, que deve ser levado em consideração na hora de planejar. Por exemplo, por baixo do asfalto há tubulações enterradas que levam água tratada, esgoto e águas pluviais. Também pode haver cabos de energia e telecomunicações que passam sob as vias.
No quesito drenagem, não só há tubulações que encaminham as águas pluviais sob as ruas, como também há sarjetas e caixas coletoras que precisam ser instaladas para direcionar a água até as tubulações subterrâneas. As sarjetas, que delimitam o final da calçada, são dimensionadas de acordo com a altura da lâmina de água, a declividade e outros fatores inerentes ao escoamento superficial.
A água que escoa pelas vias é aquela que não infiltrou. Com um asfalto impermeável, a tendência é de que muita água escoe e chegue às galerias. Se uma caixa coletora está com problema, há o risco de que a água fique acumulando nas ruas, incomodando moradores, pedestres, motoristas, comerciantes e outros, o que é muito comum no Brasil.
Por último, também há árvores nas ruas. Elas fazem sombra, abrigam pássaros, melhoram a qualidade do ar e são bonitas de se ver, mas devem ser escolhidas com cuidado. Por exemplo, plantar uma mangueira pode causar problemas como acidente com pedestres e amassar veículos. Ainda, é necessário que as árvores recebam a manutenção adequada. A poda é importante para não causar acidentes com os fios dos postes e é preciso observar quando há a possibilidade de queda da árvore.
CONCLUINDO
Assim, para repensar a rua, é necessário levar em conta todos os elementos que fazem parte dela e os usos diversos, como pontos de encontro, locais de passeio, caminho para casa ou a história da via e o que ela representa para as pessoas. Isto é, considerar desde os fatores construtivos até os sociais, visando criar um ambiente agradável para todos. (Blog da Arquitetura)