Como o crochê e o bordado dialogam com a arquitetura? Essas obras são bons exemplos!
Pode-se encontrar poesia artística em qualquer lugar. Arquitetos, designers e artesãos costumam se inspirar nas coisas mais improváveis. Geralmente eles percebem que as melhores ideias surgem, justamente, além de suas zonas de conforto. Como seres pensantes, os humanos precisam sempre buscar novos conhecimentos e associações para expandir seus pensamentos e diversificar suas formas de expressão.
Nas últimas décadas, os projetistas têm se interessado em reaprender as técnicas do passado, em aprimorar a composição de materiais convencionais e renovar processos autossuficientes. Gerou-se uma forte cultura de mercado que valoriza a criação de obras dentro dos conceitos de sustentabilidade, compartilhamento e ‘DIY’, ou seja, ‘faça você mesmo’. Práticas caseiras, como o artesanato, passaram a inspirar a arquitetura, por exemplo, e vice-versa. Os projetos apresentados a seguir são uma prova disso.
The Urchins
The Urchins é uma das respostas artísticas ao festival de biomimética e sustentabilidade iLight, realizado recentemente em Singapura. Essa instalação em larga escala, feita sobre Marina Bay, foi idealizada pelo escritório de arquitetura londrino, com base na Coréia do Sul, Choi+Shine. A ideia era criar uma obra de visual simples e tranquilo, que chamasse a atenção dos residentes e visitantes, proporcionando-lhes uma pausa momentânea em meio à rotina urbana agitada e dando-lhes um senso de lugar.
Lembrando a superfície suave e, ao mesmo tempo, rugosa dos ouriços-do-mar, essas peças intricadas e repetitivas criaram um visual harmônico entre o ambiente natural e as majestosas edificações da cidade. Os grandes organismos artificiais pareciam saídos das águas escuras, ganhando vida quando tocados pelo vento. Eles brilhavam com a luz do sol ou por holofotes, à noite, lançando sombras efêmeras e de efeito radiante no chão, surpreendendo os observadores.
As estruturas do The Urchins eram bastante leves. Utilizando técnica de crochê, as grandes cascas foram feitas por cordões duplos de poliéster, meticulosamente trabalhados à mão. Cada uma tinha dezessete metros de diâmetro e cerca de cem quilos. Eram compostas por vinte painéis segmentados, mantidos em tensão e cobrindo os esqueletos de alumínio, que permaneceram suspensos do chão por cabos de aço tão finos que mal podiam ser vistos a luz do dia. Precisou uma equipe de cinquenta pessoas e três meses para executar essa obra artística.
Le Kadre
Le Kadre é o nome dado ao trabalho realizado pelo casal de artistas franceses Charles e Elin. Ele foi aluno da Academia de Belas Artes de Paris. Trabalhou durante muitos anos como fotógrafo, mas também possui grande habilidade com desenho à mão livre. Ela é uma autodidata, que sabe desenvolver bons trabalhos manuais, principalmente com agulha e fio.
Os dois têm realizado diversas viagens, principalmente em seu país, visando instigar a criatividade e encontrar ideias para a criação de novas obras. Misturando formas diferentes de arte, eles vêm registrando momentos especiais vivenciados, assim como belas paisagens arquitetônicas. Dentro de um pequeno bastidor em madeira, um complexo bordado ilustra qual percepção do artista em relação à obra edificada. Esse exercício em muito se assemelha à realização de croquis, por parte de profissionais projetistas, em fase de Estudo Preliminar. (Blog da Arquitetura)